25/10/2019

Como escolher as músicas para a missa?


Texto do vídeo:

Como escolher as músicas para a missa

Uma das grandes dúvidas que permeiam entre os músicos católicos que estão iniciando neste importante ministério da música litúrgica diz respeito a como escolher os cantos para a missa, ou como saber se determinados cantos são realmente adequados para cada momento.

(...)

 
 
A Igreja nos deixou como guia a Instrução Geral para o Missal Romano, que contém a explicação de toda a celebração litúrgica, como um manual de instruções, até mesmo para nós músicos.
Iremos nos basear no seu conteúdo neste vídeo, aliado com os conhecimentos que já são bastante difundidos nos cursos de liturgia e entre os músicos mais experientes.

Canto de Entrada:

O número 47 da Instrução Geral do Missal Romano define que este canto tem a finalidade de abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote.
Em seguida, no numero 48 afirma que o canto é cantado alternadamente entre os cantores e a assembléia, mas também diz que pode ser cantado apenas pelos cantores.
Quanto ao canto mais adequado, cita a antífona com o seu respectivo salmo, do Gradual Romano ou do Gradual Simples, ou em último caso um outor canto condizente com a ação sagrada e que tenha  a ver com o dia ou o tempo. 

O Graduale Romanum é o livro que contém as melodias oficiais de todas as missas do ano, obviamente apenas contendo canto gregoriano. E o Graduale Simplex possui esse mesmo conteúdo, porém com melodias gregorianas mais simples, para igrejas menores, como nos diz a sua própria introdução:


"Desejando fomentar o canto sagrado e a participação ativa dos fiéis nas sagradas celebrações realizadas com canto, o Sacrossanto Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia, declarou que, além de se dever terminar uma edição típica das melodias gregorianas, fosse preparada “uma edição com melodias mais simples para uso das igrejas  menores” . Cumprindo com o desejo dos Padres do Concílio, esta edição foi preparada por especialistas com cantos estabelecidos para o Ordinário e para o Próprio da Missa, e é destinada àquelas igrejas que dificilmente conseguem interpretar retamente as melodias mais ornadas do Gradual Romano.

O Gradual Romano receba a suma honra da Igreja, pelo seu senso de extraordinária arte e piedade, e seja observado o seu valor integral. Além disso, recomenda-se que também nas igrejas menores, que usam o Gradual Simples, algumas partes do Gradual Romano sejam mantidas, sobretudo as mais fáceis ou as que mais estão em uso do povo."

O texto da introdução continua explicando que, por ser muito difícil simplificar as melodias mais ornamentadas do Graduale Romanum, procuraram melodias autênticas para o Simplex, porém isso acarretou que muitos textos tiveram que ser adaptados. Por esse motivo, o texto de alguns cantos do Romanum e do Simplex aparecem um pouco diferentes entre si, porém ambos são legítimos e aprovados pela Igreja. Mas o Graduale também alerta que o texto dos cantos adaptados do Simplex só podem serem utilizados com as melodias propostas. Caso se opte por recitá-los, ou se algum compostor quiser usar o texto para uma nova composição, deverá usar o texto do Graduale Romanum.

Esses são os cantos oficiais que a Igreja nos pede para cantarmos na Missa. No caso do canto de entrada, consiste na antífona de Intróito contido nos Graduales.
Porém, infelizmente no Brasil e em muitas partes do mundo os cantos em latim e gregorianos são rejeitados, ou por preguiça de se aprender, ou por preconceito por parte dos padres e fiéis, ou por simples desconhecimento.

Sendo assim, quais seriam os cantos apropriados para cantarmos em português?

Uma sugestão para os que querem se manter no espírito gregoriano são as adaptações feitas pelo Lincoln do blog Inspirado no Gregoriano, que trouxe para o português as melodias do Graduale Simplex.
Além disso, toda Missa possui uma antífona de entrada, que costuma ser um ou mais versículos de um Salmo ou outro livro das Escrituras. Você pode encontrá-las no próprio Missal Romano, ou nos subsídios litúrgicos que são publicados no Brasil, como o "O Deus Conosco", ou até mesmo em aplicativos para celular com a liturgia diária, como o "Católico Orante", que costuma trazer a antífona.
Tendo o texto das antífonas, você pode usar alguma melodia para cantar o seu texto. Por exemplo, temos os tons gregorianos, que encontramos em diversas formas no início do Liber Usualis, mas também em vários sites na internet. No nosso blog publicamos um PDF com melodias bastante simples para cantarmos o intróito. 

Além disso, existem alguns cantos de entrada que possuem um refrão fixo, mas que suas estrofes podem ser adaptadas com a letra da antífona de entrada de cada missa, como o famoso “Lauda Jerusalem”, ou também os cantos que postamos no nosso blog, um para cada tempo litúrgico. 

Até aqui vimos opções de cantos de entrada para os que querem cantar o mais liturgicamente possível. Porém, como a própria instrução nos diz, em último caso pode se usar cantos que falem da festa que se celebra, no caso por exemplo, de Natal, Páscoa, as festa de Nossa Senhora, etc, ou que remetam ao tempo litúrgico, como os cantos de quaresma e advento, ou ainda, no caso do tempo comum, podemos procurar cantos que estejam ligados com a liturgia do dia. Para isso é preciso estudar com cuidado cada leitura e procurar cantos adequados.
Mas para quem não encontrar nenhum canto adequado com a liturgia do dia, basta cantar a antífona que não tem erro.


Ato Penitencial

O Ato Penitencial, no Missal em Português, possui três formas. A música que escolhermos precisa estar adequada com a fórmula que o celebrante for recitar. 

- A primeira forma prescrita é a oração do Confiteor (Confesso a Deus Todo-Poderoso...), seguida da absolvição e do Amém. 

- A segunda forma prescrita é o diálogo “Tende compaixão de nós, Senhor”, seguida da absolvição e do Amém. 

Nessas duas formas, após a absolvição e após os fiéis responderem o Amém, nós devemos cantar um Kyrie, isto é um canto que contenha apenas o Kyrie Eleison, Christe Eleison, Kyrie Eleison, repetindo-se cada um. Ou então, em português, algum canto que fale apenas “Senhor, tende piedade de nós, Cristo tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós” e nada mais. Terminado esse canto, já se inicia o Glória.

- Porém, a terceira forma prescrita no Missal é diferente, pois ela já inclui as invocações e o Kyrie no próprio texto. É o caso do "Senhor que viestes salvar" e outros cantos conhecidos. Mas neste caso a absolvição é feita ao final do canto, e depois se canta o Glória.

Cantos que não possuam essa estrutura não podem ser cantados. Lembre também da questão do ritmo e do andamento do canto: Este é o momento em que pedimos perdão de nossos tantos pecados, por isso devemos tocar e cantar de forma piedosa e penitente, sem ritmos animados e andamentos rápidos. 

Outro detalhe importante na escolha deste canto: Note que o texto é sempre no plural: Tende piedade de NÓS. Portanto, os cantos que trazem uma letra individualista não são adequadas para a santa missa, como o canto “Como a ovelha perdida”, ou ainda “Pai de infinita bondade...”. Procure sempre os cantos que falem por toda a assembleia, no plural.


Glória

O Hino do Glória é cantado logo após o Ato Penitencial. Alguns celebrantes costumam convidar os fiéis a entoarem o Glória, apesar disso não ser previsto em lugar nenhum. Mas é bom estarmos atentos e esperar alguns segundos ao término do Ato Penitencial, e assim iniciar o canto do Glória.

A Instrução Geral nos diz claramente no numero 53 que o texto do Glória não pode ser substituído por outro texto ou outro canto. Em seguida explica que o celebrante entoa o glória, podendo também ser um cantor ou o coral, e a assembleia segue cantando. Mas a Instrução também afirma que pode se cantar alternando com o povo e o coral ou apenas pelo coral.

A questão da entoação do Glória que a Instrução cita, isto é, cantar a primeira frase “Glória in excelsis Deo”, refere-se em geral às missas gregorianas. Nas melodias que são mais populares, geralmente essa entoação não existe, mas nada impede de ser feita.

No entanto, é de extrema importância que se mantenha a letra original, pois o canto do Glória não é simplesmente um “hino de louvor”, pois durante este hino, além de render glória a Deus nós também pedimos a paz, nós novamente pedimos perdão e pedimos que Nosso Senhor atenda nossas súplicas. Portanto, aqueles cantos que surgiram nos anos 70 e 80 que trazem apenas um simples louvor trinitário são completamente inadequados. 
É claro que muitas das versões que encontramos do Glória nem sempre seguem estritamente a letra original, pois é comum que durante a composição o autor precise usar algum sinônimo, incluir ou suprimir palavras, mas tentando não mudar o sentido. No entanto, quanto mais fiel ao original, mais adequado é o canto. 

Além de versões de melodias que trazem o texto inteiro seguido, sem estrofes ou refrões, têm se popularizado bastante as melodias do Glória com um refrão do início do texto, com o restante do texto dividido em três ou quatro estrofes, cantado de forma recitativa, como o Glória do Mons. Marco Frisina da Missa Pane di Vita Nuova. A vantagem deste tipo de canto é que as estrofes recitativas impedem que o canto fique exageradamente acelerado e animado, mantendo assim a sobriedade que a música sacra exige.

Porém, até pouco tempo atrás se tinha no Brasil a ideia de que o canto do Glória deveria ser bastante animado e festivo, mas os compositores tinham muita dificuldade de compor com o texto original do Missal Romano, e por isso começaram a surgir os mais variados absurdos. Para contornar isso, a CNBB aprovou uma versão com base no texto original, porém com estrofes rimadas e um refrão, que ficaria mais fácil para os compositores. E surgiram diversas melodias com esta letra da CNBB, que é permitida apenas no Brasil:


1. Glória a Deus nos altos céus,
paz na terra a seus amados
A vós louvam rei celeste,
os que foram libertados

2. Deus e pai nós vos louvamos,
adoramos, bendizemos
Damos glória ao vosso nome,
vossos dons agradecemos

3. Senhor nosso, Jesus Cristo,
Unigênito do Pai
Vós de Deus Cordeiro santo,
nossas culpas perdoai

4. Vós que estais junto do Pai,
como nosso intercessor
Acolhei nossos pedidos,
atendei nosso clamor

5. Vós somente sois O Santo,
o Altíssimo Senhor
Com o Espírito Divino
de Deus Pai no esplendor!

Lembrando também que no Advento e na Quaresma não se canta o Glória!


Salmo Responsorial

O Salmo faz parte da liturgia da Palavra, portanto deve ser cantado por alguém com boa dicção e de forma que todo o texto seja facilmente compreendido. Por isso, evite melodias com muitos melismas, isto é, muitas notas para cada sílaba, pois isso pode dificultar que os fiéis entendam o texto. Exceto, claro, se for uma melodia do Graduale Romanum, pois os melismas gregorianos são muito diferentes dos melismas da música moderna.

O salmista deve cantar do ambão e usar o Lecionário.  O texto do salmo deve ser o prescrito para o dia, mas a Instrução Geral do Missal Romano no numero 61 também descreve que o Salmo Responsorial pode ser substituído pelo Gradual do dia conforme o Graduale Romanum, ou o aleluiático do Graduale Simplex.
A mesma instrução também cita que o salmo deve ser de preferência todo cantado, mas que também pode ser cantado apenas o refrão, ou então todo recitado, desde que de forma apto para favorecer a meditação da Palavra de Deus.
No nosso blog nós postamos um PDF com melodias fáceis e bonitas para salmo responsorial com os 8 tons gregorianos.


Aclamação ao Evangelho

O canto de Aclamação ao Evangelho consiste na Aclamação em si, seguida de um versículo. A Instrução Geral do Missal Romano explica em detalhes no seu numero 62:

"O Aleluia é cantado em todo o tempo, exceto na Quaresma. O versículo é tomado do Lecionário ou do Graduale
No tempo da Quaresma, no lugar do Aleluia, canta-se o versículo proposto no lecionario. Pode-se também cantar um segundo salmo ou tracto, como se encontra no Gradual."

Ou seja, Devemos cantar o Aleluia, seguido do versículo do dia, conforme o Lecionário ou o Graduale, voltando em seguida para o Aleluia. Na Quaresma, o Graduale Romanum prevê o canto do Gradual e o Tracto como aclamação ao Evangelho, mas também podemos cantar alguma das aclamações que foram compostas em português para este fim. Em nosso blog temos um PDF com várias aclamações para o tempo da Quaresma.

Portanto, os cantos de aclamação que não possuem espaço para o versículo previsto no Lecionário (que também podemos encontrar nos subsídios litúrgicos) não devem ser cantados, como o Aleluia Cristo é meu Rei, o Buscai primeiro o Reino de Deus, o Quando estamos unidos estás entre nós, etc.


A Sequência

Nas festas de Páscoa, Pentecostes e Corpus Christi existe na liturgia o canto da Sequência, que são hinos antiquíssimos dessas festas. Antigamente todos os domingos possuíam suas sequências, mas a Igreja com o passar do tempo manteve apenas esses três (Victimae Paschali laudes, Veni Sancte Spiritus e Lauda Sion Salvatorem). Na liturgia tridentina ainda existem também a sequência da festa de Nossa Senhora das Dores (Stabat Mater Dolorosa) e dos Fiéis Defuntos (Dies irae).
O próprio nome “sequência” significa que ele era cantado após o canto de Aclamação. Porém, a Instrução no número 64 agora nos pede para cantarmos antes da Aclamação

A sequência também deve ser cantada segundo seu texto original. Mas a CNBB autorizou versões em português adaptadas do original (Cantai cristãos afinal, Espírito de Deus enviai dos céus e Terra exulta de alegria)


Profissão de Fé

O Credo pode ser cantado, como afirma a Instrução nos números 67 e 68. Lembrando também de manter-se o texto original, sem adaptações, pois é uma oração muito importante, como todas as outras da missa também são.

Ofertório

O canto do Ofertório inicia-se logo após a conclusão das Orações dos Fiéis e termina quando o padre conclui o rito da preparação dos dons, isto é, quando ele lava suas mãos. A Instrução geral descreve o Ofertório a partir do numero 73, e fala especificamente do canto no número 74, afirmando que devem-se seguir as mesmas normas prescritas ao canto de entrada. 

Ou seja, o canto de ofertório deve ser a antífona de Ofertório do Graduale Romanum ou do Graduale Simplex. Caso não se cante estes cantos oficiais da Igreja, podemos optar por outro que tenha referência com o tempo litúrgico ou a festa do dia.

Além disso, é muito mais comum no Brasil cantarmos algum canto que tenha relação com o próprio ofertório, o que também é bem adequado, pios leva os fiéis a se sintonizarem com o que está acontecendo na missa, isto é, quando eles prestam atenção no que está sendo cantado. Existem milhares de opções, mas preste atenção se o canto não é adequado para algum tempo litúrgico específico, por exemplo, existem cantos de ofertório que falam do ofertório mas são próprios para o tempo natalino, outros para quaresma, etc.
E tome cuidado para que o celebrante não tenha que ficar esperando você terminar de cantar para dar continuidade na missa. Quando notar que o rito já está terminando, cuide de encerrar logo o canto, ou então continue apenas com um solo instrumental até o padre concluir.
É também um costume antigo que o canto de ofertório seja apenas uma música instrumental do órgão, apesar de a Instrução Geral não citar isso. 


Santo

O canto do Sanctus faz parte da Oração Eucarística, portanto é muito importante que se mantenha o texto original do Missal Romano. Como o gregoriano é o modelo de toda a música sacra, quando mais próximo da estrutura e do andamento dos Sanctus gregorianos, mas adequada será a melodia. Ou seja, os cantos do Santo que não possuem refrão, e sim apenas o texto todo seguido. Mas também existem melodias com refrão, normalmente o “Hosana nas alturas”, que são adequados, desde que contenham o texto original intacto.
Portanto, cantos como O Senhor é Santo, o Santo Santo dizem todos os anjos, ou Santo, Santo é o Senhor terra e céu cantam o seu louvor, não são adequados para a Missa.


Durante e após a consagração

Alguns lugares conservam um costume muito errado de se tocar algo instrumental durante a consagração. Não façam isso!  
A Consagração é o momento mais importante da missa, onde todos ficamos de joelhos diante de Jesus Cristo Nosso Senhor que se faz presente nas espécies do Pão e do Vinho. É um verdadeiro milagre que acontece diante de nossos olhos, e a atitude de todos, incluindo os músicos, é ficarem de joelhos em adoração. Portanto, que nenhuma nota musical seja tocada.

No rito tridentino, é uma tradição antiga que se toque ou cante algo após a consagração. Pode ser o “Benedictus” do Sanctus (pois algumas composições mais elaboradas do Sanctus eram tão longas que precisavam ser divididas, então cantava-se até o primeiro Hosana antes da consagração, e continuava-se do Benedictus após a consagração), mas também alguma antífona eucarística ou apenas um solo instrumental.

Contudo, como na liturgia da forma ordinária a oração eucarística é feita pelo celebrante em voz alta, não podemos mais cantar ou tocar após a consagração.
A única coisa que podemos cantar após a consagração no rito novo é a Aclamação ao memorial, isto é, Anunciamos Senhor a vossa Morte, ou Todas as vezes que comemos deste Pão, ou Toda vez que se come dete Pão.
Porém, aqui vale uma regra importante: Se o celebrante entoar o “Eis o mistério da fé” cantando, então devemos responder cantando. Mas se ele entoar rezando, então respondemos rezando.


Respostas da Oração Eucarística

As Respostas da Oração Eucarística são uma invenção brasileira, que não existe em nenhum outro lugar do mundo. E além de serem algo anômalo, muitos lugares costumam fazê-las cantadas, o que não podemos considerar como sendo errado. Porém eu sou da opinião que essas respostas não deveriam existir, e que por isso cantá-las também está fora de cogitação.
Muitos padres estão até mesmo omitindo essas respostas, fazendo a oração toda sem pausas.

Ao final da Oração Eucarística, o celebrante entoará o Por Cristo, Com Cristo, Em Cristo. Novamente vale aquela regra: se ele entoar cantando, nós cantamos o Amém. Se ele fizer rezando, nós apenas respondemos Amém sem cantar.
E quanto ao canto do Amém, não precisa ser nada muito longo ou exagerado. Um simples e curto “amém” ao modo gregoriano já basta. Outros Améns como Amém para sempre amém, ou Amém amém aleluia, não são adequados;


Pai Nosso

Logo após o Amém inicia-se a Oração do Senhor, o Pai Nosso. Nos locais em que se preserva o canto gregoriano, normalmente o padre inicia com “preceptis salutaris moniti...”, e o coro segue com o Pater Noster. Lembrando que no rito tridentino apenas o padre canta o Pater Noster, e os fiéis cantam apenas a última frase: Sed libera nos a malo.

Mas no rito ordinário, se não for cantado o Pater Noster gregoriano, existe a chance de ser cantado em português, desde que seja o costume da comunidade. Se o padre convidar os fiéis para cantarem a oração, então o coral pode cantar. Se não, não. E quando se for cantar o Pai Nosso, que também se cante exatamente a oração que Nosso Senhor nos ensinou. Portanto o Pai Nosso do Padre Marcelo Rossi não vale.
Lembrando que o Pai Nosso da missa não tem “Amém” no final.


Cordeiro de Deus

Apesar de o ritual romano prever o rito da Paz, onde o diácono ou o celebrante convidam-nos a saudar-nos na Paz de Cristo, o Papa Francisco no início do seu pontificado exortou para que se evite o Abraço da Paz, pois em muitos lugares as pessoas acabam se dispersando neste momento, esquecendo que o próprio Cristo está presente fisicamente no altar, e esquecendo que em poucos instantes elas o irão receber na Comunhão
 
Portanto, nós músicos temos uma missão muito importante no momento do abraço da paz, quando for realizado: Assim que o celebrante saudar os diáconos ou ministros que estejam no presbitério com ele, nós devemos iniciar imediatamente o canto do Cordeiro de Deus, para que os fiéis voltem sua atenção novamente para o altar.
A Instrução Geral trata do Cordeiro de Deus no numero 83, onde fala do rito da Fração do Pão.
Assim como os demais cantos do Ordinário, o Cordeiro de Deus deve ser cantado com todo o seu texto, sem nada a mais e nada a menos. Portanto, cantos como Ó Cordeiro de Deus... morrestes por causa de nós... são inadequados para a Missa.
A Instrução Geral afirma que podemos repetir os versos do canto até que o padre encerre o rito da fração do pão, terminando com “dai-nos a paz”. Mas normalmente apenas duas vezes bastam.


Comunhão

Sobre o canto de comunhão, os números 86 e 87 da Instrução nos dizem a respeito.
Ele nos recorda que o canto de comunhão exprime através da unidade das vozes a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e realça a índole comunitária da procissão da Comunhão. 

Essas palavras apenas nos explicam o que é o canto de comunhão, mas o que devemos cantar?

O parágrafo seguinte explica: Da mesma forma como os cantos de Entrada e Ofertório, o canto apropriado para este momento é a Antífona de comunhão que está prescrita no Graduale. Mas em segundo lugar, podemos também optar por outros cantos adequados. 

Devemos, portanto, escolher cantos que estejam ligados com o momento da Comunhão, como por exemplo um dos vários cantos eucarísticos que existem, tanto em latim como em português, ou outros cantos de comunhão que foram compostos para festas específicas como as de Nossa Senhora, ou para o tempo natalino, Pascal, etc.
Além disso, o Missal Romano também possui uma antífona de comunhão. Porém ela é bastante curta, e provavelmente não seja o suficiente para a procissão. Mas é oportuno que procuremos cantá-la antes do canto de comunhão propriamente.

A Instrução prevê que é possível se cantar algo após a comunhão, mas que devemos encerrar o canto de comunhão a tempo para não estender demasiadamente. O momento máximo que podemos estender o canto de comunhão é até ser terminada a purificação do cálice.
Porém, a minha recomendação é: Assim que todos os fiéis terminam de comungar, encerre o canto de comunhão e mantenha o silêncio, para que todos possam fazer sua ação de graças. Ou então no máximo faça um suavíssimo fundo com o órgão.


Canto Final

O mais tradicional canto final é a Antífona mariana própria de cada tempo. Por exemplo, no Advento e Natal cantamos o Alma Redemptoris Mater, na Quaresma cantamos o Ave Reginacoelorum, na Páscoa o Regina Coeli, e no tempo comum o Salve Regina, ou o Sub tuum praesidium
Ou seja, não há canto final melhor do que um canto a Nossa Senhora, e emnosso blog há uma infinidade deles.
Porém, podemos também optar por algum canto devocional de acordo com a festa do dia, como Coração Santo tu reinarás nas missas do Sagrado Coração de Jesus, a Marcha Pontifícia na visita de um bispo ou na festa de São Pedro e São Paulo, ou um hino específico de algum santo, etc. Não há antífona final na Missa, então é bastante livre. Mas procuremos ter bom senso.

Além disso tudo, é costume bastante difundido no mundo inteiro que terminado o canto final o organista toque alguma peça instrumental, exceto no tempo da Quaresma.


Em resumo, para os cantos da missa precisamos observar os dois tipos: os cantos ordinários e os cantos próprios

- O Ordinário sempre se repete em todas as missas, portanto são aqueles cantos que não podemos alterar o texto: Kyrie, Gloria, Credo, Agnus Dei e Sanctus, isto é, o Ato Penitencial, Gloria, Creio, Cordeiro de Deus e Santo. 

- Os cantos próprios são aqueles que possuem suas antífonas específicas para cada dia no Graduale Romanum e no Graduale Simplex, e que podemos substituir por outros cantos adequados ao momento da missa, ao tempo litúrgico e à liturgia do dia: Entrada, Salmo, Aclamação, Ofertório e Comunhão. 

Lembrando que, como podemos ler na Instrução Geral do Missal Romano, os cantos da missa podem ser cantados apenas pelo côro, isso é lícito e prescrito nas normas litúrgicas da Igreja. Contudo, a maior parte das comunidades do nosso país pede que os cantos sejam também cantados pelo povo, e nesse caso temos duas alternativas: Ou cantamos sempre a mesma coisa ou ensinamos o povo a cantar músicas novas, e eu acho que a segunda opção é a mais apropriada. 

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