30/03/2015

Quaresma e Páscoa (Parte 2)


Por Messias Freire

A Quaresma termina na Semana Santa sendo chamada assim, porque nela celebramos os períodos mais importantes da nossa salvação: “Deus amou o mundo, que


lhe deu seu Filho único... Tendo amado os seus, amou-os até o fim.” (Jo 3,16;13,1).

Na conjuntura da celebração da Semana Santa temos o Tríduo Pascal. A Instrução Geral sobre o Missal Romano nos ensina que: "O Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, principalmente pelo seu Mistério Pascal, quando, morrendo, destruiu a nossa morte e, ressuscitando, renovou a vida, o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico. Portanto, a solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana"  (IGMR, p. 110).

Temos na Quinta-Feira Santa dois momentos expressivos nas celebrações. As Dioceses, pela manhã ou em outro momento e dia adequados durante a Semana Santa, efetivar-se a Missa da Unidade com os Santos Óleos onde relembramos o sacerdócio ministerial e agradecemos a vida e a missão dos presbíteros. E, com uma nuança de alegria, no final da tarde solenizamos a Ceia do Senhor - o Amor maior, o Mandamento Novo e Paixão de Jesus, o Lava-Pés e a Eucaristia, que nos dá lições de partilha, pois nela o Jesus Cristo se doa como alimento, nos dando o pão da vida eternaNesta celebração voltamos a cantar o Glória, após quarenta dias, destacamos à procissão dos dons através do Pão e Vinho e prepararamos um espaço celebrativo aconchegante. Ao encerrar a missa advém o translado do Santíssimo, para um local preparado à Vigília Eucarística, onde cantamos a canção "Tão Sublime Sacramento", não nos esquecendo do desnudamento do altar e a saída do povo em silêncio.

Na celebração da Sexta-Feira Santa  centralizamos a Santa Cruz, contemplamos o mistério da cruz, não exaltando o sofrimento, mas, mostrando o amor apaixonante de Deus, sendo três os sentimentos que fervem de nosso coração: a gratidão, o compromisso e o seguimento. É dia que proclamamos a Paixão do Senhor, que escutamos na Liturgia da Palavra e realizamos em preces por toda a humanidade. Esse dia é de silêncio, de pesar, de jejum, da temperança que se desponta na celebração, iniciando-a sem o canto e com a adoração a Santa Cruz.

No Sábado Santo, é o dia de viver a ausência do Cristo, constituindo um dia de recolhimento, meditação, ponderação, reflexão e permanência da Igreja unido ao sepulcro, à espera da Ressurreição do Senhor. No período noturno é o tempo da magnífica Vigília Pascal, que é a mãe de todas as vigílias. Onde deve ser estruturada teologicamente como a Memória que são os acontecimentos passados que relembramos na rica Liturgia da Palavra, percorrendo a História da Salvação; a Presença do Senhor está presente no Círio Pascal que é aceso no fogo novo, a Luz de Cristo exposta e a proclamação jubilosa da feliz noite através do Exulte; como Expectativa de um mundo novo que há de surgir pela renovação das promessas batismais e na solene Eucaristia, de forma que faz ocorrer a memória da Páscoa de Jesus embalada com a volta dos Aleluias, de cantos festivos, do "Glória", de alegres aclamações e vivas que são entoados nesse dia.

E por fim, o Domingo da Ressurreição, a Páscoa do Senhor, a confirmação do retorno do nosso Rei Jesus. Páscoa que significa "Deus que passa" - (Ex. 12 e Dt. 16) e em seu Filho Jesus, temos o Redentor que nos liberta e promove a vida. Neste esplendido domingo entoamos hinos ao Cristo Ressuscitado, onde podemos citar, na Sequência entoada logo após a segunda leitura, durante a Liturgia da Palavra. Os cantos no Tempo da Páscoa anuncia a vida que se renova no Amor, podemos ver isso expresso já no canto inicial com o canto Manhã de Luz ou Novo Sol brilhou, onde exalta o retorno do Senhor, trazendo novamente a esperança de amor, paz e alegrias:

“Nasceu o sol, lindo arrebol, manhã de luz, porque Jesus venceu a morte, nos deu uma nova vida, Jesus ressuscitou!”
“Novo sol brilhou, a vida superou sofrimento, dor e morte, tudo enfim.
Nosso olhar se abriu, Deus mesmo se incumbiu de tomar-nos pela mão assim. “


O Tempo Pascal abrange os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição, sete semanas de festa, contendo a Ascensão do Senhor e Pentecostes, onde celebramos a vinda do Espírito Santo, o enorme Dom do Ressuscitado! A semana que precede Pentecostes é consagrada à Oração pela união dos Cristãos. Os domingos deste tempo retratam o experimento que os apóstolos tiveram com o Ressuscitado. A primeira leitura dos domingos deste tempo será retirada sempre dos Atos dos Apóstolos, onde se medita a história da Igreja nascente. As canções precisam manifestar alegria, exultação, fervor, como se fossem um só dia festivo, um grande domino. É tempo de jubilarmos, manifestado através da cor branca, flores, luzes, no Círio sempre aceso, nos instrumentos e nos cantos, realçados no Glória e no exultante Aleluia, harmonizados ao Senhor Ressuscitado, vivo e glorioso.

Neste tempo que Maria, Àquela que se doou e que soube se calar e ouvir, a Estrela da Evangelização Pascal, nos torne persistente, inabaláveis na fé e faça de nós, atuantes nas pastorais litúrgicas e da música, pessoas com ânimo, para que nossas celebrações e nossos cantos levem a todos um verdadeiro encontro com o Ressuscitado, nos propiciando uma dinâmica de Amor, onde poderemos construir  uma civilização mais justa, mais humana e feliz!


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